Rejeitar a taxação dos gigantes das apostas é cuspir no rosto do povo que paga imposto até no pão de sal.
A cena é antiga, mas o roteiro se repete com novos personagens. O Congresso Nacional, sempre disposto a salvar os poderosos e punir o cidadão comum, rejeitou a Medida Provisória que criava uma taxação sobre as empresas de apostas esportivas — as famosas “bets”.
Essas plataformas movimentam bilhões, exploram o vício, dominam o marketing esportivo e invadem as telas com promessas de dinheiro fácil. Mas, na hora de contribuir com o país que as abriga e com o povo que sustenta seu império, contam com a velha complacência parlamentar.
O argumento usado por parte dos congressistas é de uma ingenuidade insultante: “não podemos sufocar o setor”. Sufocar o setor? O mesmo país que sufoca microempreendedores com taxas, juros e burocracia, que taxa o trabalhador até na marmita, resolveu agora poupar as casas de apostas.
A rejeição da MP não é apenas um erro fiscal — é um sintoma moral. É a vitória do lobby sobre o bom senso, da hipocrisia sobre a coerência. Porque, enquanto o trabalhador paga caro por um pacote de arroz, as bets seguem faturando bilhões e remetendo lucros para paraísos fiscais, sem devolver um centavo proporcional à sociedade brasileira.
Nas redes sociais, a revolta veio em ondas — e com razão. A população entendeu o recado: o Congresso é rápido para proteger o lucro, mas lento para proteger o cidadão. Quando se trata de garantir privilégios, não há esquerda nem direita — há só o velho sistema, unido e confortável em sua própria conveniência.
O Brasil perdeu a chance de equilibrar a balança. E quem paga a conta, como sempre, é quem não tem lobby, nem MP, nem paraíso fiscal: o povo.
Joel Silva – Radialista e jornalista de formação especializado em mkt político.
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