Mais um capítulo em que a população é colocada em segundo plano para atender interesses de poucos.
Campo Grande assistiu, atônita, a mais uma cena de desprezo pelo que realmente importa: a vida das pessoas. A prefeitura decidiu vender um terreno de 8.800 metros quadrados na Avenida Guaicurus, área que por anos serviu como espaço de lazer no Itamaracá. O lugar tinha quadra de areia, academia ao ar livre e mais de 30 árvores frutíferas — um raro respiro verde em meio ao concreto.
O absurdo não está apenas na transação por R$ 2,8 milhões, mas na contradição. A mesma gestão que havia prometido manter a praça, revitalizou o espaço, anunciou que a comunidade teria ali um ponto de encontro, agora trata a área como mercadoria descartável. Como se lazer, convivência e bem-estar fossem menos importantes que o saldo no caixa.
E o mais grave: a população só descobriu a alienação quando funcionários da empresa compradora chegaram para retirar bancos e começar a desmontar o espaço. A indignação é óbvia. “É traição com o bairro”, disse uma aposentada. “A prefeitura tratou a praça como se fosse mercadoria”, completou outro morador.
Não é exagero dizer que esse caso sintetiza uma lógica perversa: governar sem ouvir, decidir sem consultar, agir contra quem deveria ser protegido. O resultado é um rastro de desconfiança, descrédito e sensação de abandono.
Quando a gestão pública enxerga mais valor em um contrato de venda do que em uma praça cheia de famílias, crianças e árvores frutíferas, está claro que os interesses do povo não estão no topo da lista de prioridades. E isso, em uma democracia, é inaceitável.
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