Entre fatos a apurar e narrativas prontas, a prudência deve prevalecer sobre a pressa em condenar.

As recentes denúncias contra Rueda, feitas no âmbito da operação Carbono Oculto, ganharam repercussão imediata. Mas é justamente nesses momentos que precisamos redobrar o cuidado: transformar acusações isoladas em verdades absolutas é perigoso e injusto.

O detalhe de que o piloto denunciante é filiado ao PSOL não pode ser ignorado. Isso não invalida por si só o seu depoimento, mas levanta questionamentos legítimos sobre possíveis motivações políticas por trás do ato. Em tempos de polarização, qualquer palavra mal colocada pode se transformar em arma para atacar adversários, e não em instrumento de Justiça.

É igualmente preocupante o fato de até agora não haver provas materiais robustas que sustentem as acusações. Depoimentos são importantes, mas não bastam: é preciso apresentar registros, contratos, movimentações financeiras ou evidências documentais que comprovem os fatos narrados. Sem isso, a denúncia corre o risco de cair no campo da narrativa.

O uso político de acusações frágeis gera efeitos devastadores. Não apenas atinge a imagem e a honra do acusado, mas mina a credibilidade das próprias instituições. A Polícia Federal tem o dever de apurar com rigor e transparência, de modo a separar o que é fato do que pode ser apenas estratégia de desgaste.

No fim, é preciso lembrar que a Justiça se faz com provas, e não com manchetes. Que a sociedade cobre investigações sérias, mas jamais se deixe manipular por acusações sem lastro. O Estado de Direito exige equilíbrio, prudência e, sobretudo, responsabilidade.

Por Joel Silva – Radialista e jornalista de formação especializado em Marketing Político.