Venda de sentenças: Perícia em celulares de desembargadores reforça suspeita da PF

por | maio 2, 2025 | Justiça, NOTÍCIAS

Relatório da Polícia Federal analisou celulares de desembargadores do TJMS investigados por venda de decisões judiciais.

Os telefones celulares dos investigados, apreendidos durante a operação Ultima Ratio, em novembro do ano passado, foram fundamentais para a Polícia Federal (PF) comprovar a prática do esquema de venda de sentenças pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). As informações constam em um relatório da própria PF, ao qual o g1 e a TV Globo tiveram acesso.

O documento traz a análise da perícia realizada nos aparelhos. Um dos celulares pertence ao desembargador Alexandre Bastos.

A PF identificou por meio da análise de mensagens trocadas pelo magistrado com assessores e familiares e de comprovantes bancários, que Bastos fez uso de “grande volume de dinheiro em espécie para pagamento de despesas pessoais. Em uma das situações, o dinheiro foi usado para aquisição de carro de luxo.

Segundo os investigadores, entre os anos de 2022 e 2024, o desembargador transacionou, pelo menos, R$ 276 mil em dinheiro vivo. Do total, no mínimo R$ 219 mil não tem origem conhecida.

A PF afirma no documento que os elementos colhidos no aparelho demonstram que o montante se trata de dinheiro ilícito, provavelmente, pela venda de decisões judiciais.

g1 entrou em contato com a defesa de Alexandre Bastos e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

A operação foi deflagrada pela Polícia Federal, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em outubro de 2024. Dois dias depois, o processo subiu para o STF, sob responsabilidade do ministro Cristiano Zanin. Desembargadores foram afastados em razão de uma investigação que apura corrupção e venda de sentenças.

Durante a operação, foram apreendidas diversas armas na casa de dois desembargadores. Além disso, foram encontrados mais de R$ 3 milhões em espécie. Somente na casa de um dos investigados, foram encontrados R$ 2,7 milhões. Segundo as investigações, entre os crimes cometidos pelo grupo estão:

  • lavagem de dinheiro;
  • extorsão;
  • falsificação.

A operação, fruto de três anos de investigação da Polícia Federal, foi batizada de “Ultima Ratio”, um princípio do Direito segundo o qual a Justiça é o último recurso do Poder Público para parar a criminalidade.

Por g1 MS e TV Globo

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