Considerada uma das melhores formações de atores da América Latina, o curso da USP contou este ano com 400 candidatos concorrendo a apenas 20 vagas.

A atriz sul-mato-grossense Karine Araújo, de 24 anos de idade, celebra nova conquista significativa em sua carreira artística: a aprovação na Escola de Arte Dramática da USP, uma das instituições acadêmicas mais renomadas do Brasil.

A aprovação veio após o processo seletivo realizado em três etapas entre os meses de dezembro de 2024 e fevereiro deste ano. Com duração de 4 anos, o curso técnico em Teatro – Eixo Tecnológico: Produção Artística e Cultural e Design da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA/USP) é reconhecido como uma das melhores formações de atores da América Latina.

“Sempre tive vontade de fazer o curso, mas me faltava coragem, pois sabia da concorrência alta. Neste ano, me senti preparada e, também, tive muito apoio de familiares e amigos”, conta Karine que optou pela instituição por “oferecer uma boa base teórica e, principalmente, vivências que são importantes para o mercado de trabalho. Além de ser o local de formação de grandes atores como Matheus Nachtergaele”.

O processo seletivo exigiu muita disciplina e, também, o psicológico de Karine. Isso porque a jovem se viu em uma disputa de 20 vagas para 400 candidatos, ou seja, 20 candidatos por vaga. Tudo em uma seleção acirradíssima que ia se afunilando em três fases. Na primeira, apenas 120 pessoas foram selecionadas. Na segunda, os concorrentes tiveram de se dedicar para conquistar as 50 vagas que os levariam à última fase. Por fim, os candidatos disputaram as tão sonhadas 20 vagas do curso.

“Foi uma emoção muito grande ver meu nome entre os aprovados. Nas duas primeiras etapas, eu já esperava resultados positivos, mas, a terceira envolvia muitos requisitos. Então, esperei sem me pressionar com o resultado, até porque eu acredito que a experiência de ter as aulas com os professores da EAD da USP e estar lá por esses dias já foram experiências incríveis”, avalia.

Karine, que há anos sonha em estudar na USP,  lembra o quanto o apoio da OFIT, companhia de teatro da qual ela faz parte, foi essencial para essa vitória. “Tive o suporte do meu diretor Nill Amaral nos estudos, o que foi fundamental. Especialmente ao escolher textos que dialogavam com minha trajetória, como ‘Mata Teu Pai’, de Grace Passô e ‘Santa Joana dos Matadouros’, de Bertolt Brecht”, conta a atriz que atrelado a isso também teve “a preparação corporal de Carlos Anunciato. Os dois foram essenciais para que eu chegasse até a fase final, que era o debate sobre o livro ‘O corpo encantado das ruas’, de  Luiz Antônio Simas, e a montagem, em grupo, de uma cena”.

Com 11 anos dedicados ao teatro, o repertório artístico que tem acumulado entre ensaios e estudos foi outro aliado da jovem atriz. “Sempre gostei muito do trabalho da Grace Passô, seja como atriz e dramaturga, Na verdade gosto muito do teatro belo-horizontino como o grupo Galpão e o Grupo Quatro Los Cinco. Também, tenho conhecido outros grupos que somam na minha referência de teatro como a Companhia do Latão de São Paulo”, argumenta.

Já o desejo de fazer da arte o seu ofício vem de mais tempo, quando ela assistiu ao filme “Central do Brasil”, no ano de 2014, e se encantou pela atuação de Fernanda Montenegro. Desde então a jovem tem buscado correr atrás dos seus sonhos, participando de aulas e oficinas para atores, apesar das adversidades e desafios típicos do cenário artístico de MS. “A morosidade nas políticas públicas acaba por ser uma barreira. Muitas vezes, dependemos de editais para nos manter, mas a troca e o aprendizado em grupo têm sido minha maior motivação”, ressalta.

Questionada sobre o seu futuro na Companhia de Teatro OFIT, com o monólogo “Groselha”, que protagoniza e, também, com a peça “Todo Redemoinho Começa com um Sopro”, em que divide o palco com outros dois talentosos atores, Karine é direta em sua resposta.

“Já pensei sobre isso e sei que não será algo tão fácil. Mas, os trabalhos não param. Campo Grande é e sempre será minha casa, pretendo conciliar as agendas de ensaios e apresentações com as aulas, temos muitos projetos para este ano e quero colocar todos em prática”, garante.

Ansiosa com a nova fase de estudos na EAD, Karine vê a aprovação como algo que transcende a conquista pessoal. “Estou muito feliz porque também posso representar o nosso estado lá fora, ao lado de Aramy Argüelho, aprovada no ano passado. Essa é a oportunidade que tenho de mostrar a força do teatro e da cultura do Mato Grosso do Sul. Vou me dedicar para fazer isso da melhor forma possível”, conclui.

por Aline Lira