Segundo historiador, Donald Trump usa a provocação para atingir seus objetivos

por | mar 3, 2025 | Geral, informes, NOTÍCIAS | 0 Comentários

Em crise. É assim que está a ordem mundial unipolar que prevalece desde o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria no início da década de 1990.

A posição dos Estados Unidos como única superpotência já não é questionada apenas por rivais como a China ou a Rússia, mas também dentro do próprio país.

“Não é normal que o mundo tenha uma potência unipolar. Isso era uma anomalia, um produto do fim da Guerra Fria, mas finalmente vamos chegar a um ponto em que vamos ter um mundo multipolar, com potências em diferentes partes do planeta”, declarou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em uma entrevista no início de fevereiro.

Para o historiador, a reunião entre os EUA e a Rússia sobre a Ucrânia é o prelúdio de um acordo que vai sacrificar tanto o país invadido como os aliados europeus

Será que a declaração do chefe da diplomacia americana é uma admissão de que os Estados Unidos estão dispostos a ceder parte do enorme poder de que desfrutam a outros atores globais? Como poderia ser essa nova ordem mundial?

Para responder a estas e outras perguntas, a BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, conversou com o historiador Michael Ignatieff, ex-candidato a primeiro-ministro do Canadá, ex-reitor da Universidade Central Europeia e vencedor do prêmio Princesa das Astúrias em ciências sociais em 2024.

BBC News Mundo – Em seu segundo mandato, Donald Trump, com o seu desejo de assumir o controle da Groenlândia, recuperar o Canal do Panamá e anexar o Canadá, parece estar mostrando um lado imperialista nunca antes visto. De onde vem tudo isso?

Michael Ignatieff – Trump é uma figura para a antropologia. Eu o considero um enganador. Ele é uma daquelas pessoas que vira tudo de cabeça para baixo para confundir e surpreender.

É muito difícil saber se existe realmente uma estratégia por trás dos seus anúncios ou se são simplesmente um conjunto de improvisações com as quais ele busca obter alguns objetivos transacionais, dependendo da reação que haja.

Certamente pode-se dizer que nas ações de Trump há elementos do clássico imperialismo ianque do século 19, mas acredito que há algo novo, e isso é a provocação.

Ele vê o que pode obter com suas provocações e, por isso, acredito que se responderem a ele com força, como fizeram o Canadá e o México com as ameaças de tarifas, é possível fazê-lo retroceder.

Europa deveria fazer o mesmo. Trump já deixou claro que não quer mais defender a Europa Ocidental. Em vez de chorar e arrancar os cabelos, a Europa tem de enfrentar os fatos. A Espanha gasta 1,3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. Não é suficiente.

Durante 80 anos, nós demos como certa a proteção americana, mas agora ela está chegando ao fim. Então, não precisamos enlouquecer, simplesmente temos que nos defender.

BBC News Mundo – Mas, nos últimos anos, muitos países europeus aumentaram seus gastos com defesa, e isso não parece satisfazer Trump e sua turma.

Ignatieff – Vou dizer outra coisa que é muito impopular: não basta aumentar o orçamento da defesa. Também é necessário fazer com que mais jovens se alistem no serviço militar. Hoje, a herdeira do trono espanhol (princesa Leonor) está em um navio da Marinha prestando serviço militar, e talvez no futuro, daqui a 5 ou 10 anos, muitos espanhóis tenham que fazer o mesmo.

O que eu acho absolutamente errado é permitir que Trump assuma o controle de nossas cabeças e nos impeça de reagir. Precisamos reagir, defender nossa soberania e independência nacional e usar os instrumentos que temos para promover nossos interesses.

Confira a entrevista completa no site da BBC News Mundo

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn0jj5n45e0o

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