O teatro da política americana já teve protagonistas de verdade. Hoje, encena uma tragicomédia com um ator que se acha ditador.
Donald Trump flerta com o macarthismo e com a chamada “teoria do louco”, mas no fundo se revela cada vez mais próximo do personagem vivido por Charles Chaplin em O Grande Ditador. Nem o temor que Adolf Hitler impunha ao mundo ele consegue reproduzir. A diferença é brutal: Hitler projetava pavor; Trump provoca riso nervoso.
China, Rússia e Japão encenam o jogo da acomodação, fingindo aceitar suas imposições, quando na prática sabem que suas sanções são apenas falácias. Coube ao Brasil o gesto de desafiá-lo – e, no embate, viu-se o tarifaço se encher de exceções e a pomposa lei Magnitsky se transformar em mero instrumento de birra política, punindo desafetos ao sabor do humor presidencial.
No plano doméstico, o espetáculo beira a caricatura. Eduardo Bolsonaro se lança como cavaleiro de causas inexistentes, mais Dom Quixote do que articulador, enquanto seu pai, enfraquecido, agoniza numa lenta morte política. O centrão, pragmático como sempre, vela o corpo, mas adia o enterro. No palco internacional, Trump já não mete medo. No cenário interno, apenas sustenta uma comédia de erros que corre o risco de acabar em farsa.
Joel Silva – Radialista e jornalista de formação especializado em mkt político.
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