A novela do transporte coletivo de Campo Grande ganhou mais um capítulo. Após meses de investigação, a CPI do Transporte apresentou seu relatório final e deixou claro: o sistema está falido, a responsabilidade é compartilhada e a prefeitura precisa agir.

Em entrevista ao Jornal da Hora, o presidente da CPI, vereador Dr. Lívio (União Brasil), foi direto. Segundo ele, a situação chegou ao limite: 197 ônibus estão circulando acima da idade contratual e a população paga caro por um serviço que não entrega o mínimo de qualidade.

“A primeira medida que a CPI entendeu ser necessária e urgente é a troca de 197 ônibus que estão andando acima da idade permitida. A segunda medida é substituir Agetran e Agereg por uma agência única, que dê mais agilidade aos processos. Nós acionamos o TCE e ele acolheu o pedido de revisar o TAG”, afirmou.

O relatório não poupou ninguém. A CPI sugere o indiciamento de diretores e ex-diretores do Consórcio Guaicurus, além de ex-presidentes da Agetran e da Agereg. Para os vereadores, os órgãos fiscalizadores falharam e deixaram o caos se instalar.

A relatora, vereadora Ana Portela (PL), ainda apontou movimentações financeiras suspeitas envolvendo o consórcio, que foram repassadas ao Tribunal de Contas. O documento reúne depoimentos, gráficos, dados contábeis e contratuais, revelando o tamanho do problema.

Dr. Lívio destacou que o relatório foi entregue ao TCE, que já acatou algumas sugestões, mas reforçou que o próximo passo é da prefeita Adriane Lopes (PP).

“O trabalho da CPI foi feito a contento, dentro do tempo e dos recursos que tínhamos. Agora depende da prefeitura e dos ministérios públicos, que podem abrir inquéritos civis e criminais. É muito importante que a prefeitura se conscientize da relevância dessa política pública de transporte coletivo”, disse.

Para o presidente, não dá mais para empurrar com a barriga: “A CPI só aconteceu porque o transporte não roda como deveria. Quem sofre é o cidadão. A prefeita tem a oportunidade de mudar essa realidade de uma vez por todas”, disparou.

A comissão foi formada pelos vereadores Dr. Lívio (presidente), Ana Portela (relatora), Junior Coringa (MDB), Maicon Nogueira (PP) e Luiza Ribeiro (PT).

O relatório será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público de Contas (MPC-MS), ao TCE, à prefeitura e ao próprio Consórcio Guaicurus.