Psicologia do trânsito na prevenção de acidentes: como tornar o ambiente do trânsito um lugar mais seguro

por | mar 20, 2024 | NOTÍCIAS | 0 Comentários

No programa “Mega Meio Dia” desta quarta-feira (20), recebemos o Doutor em psicologia do trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Doutor Renan Soares Junior.

A psicologia do trânsito é uma área do conhecimento que estuda o comportamento humano no contexto da mobilidade urbana, investigando fatores internos e externos, conscientes e inconscientes que promovem, influenciam e transformam a realidade do trânsito.

Nos últimos tempos o caos no trânsito de Campo Grande tem sido uma pauta bastante repercutida pelos veículos de comunicação e nas mídias sociais, o apresentador Joel Silva foi categórico ao perguntar para o Psicólogo Renan sobre os erros na forma em que os  motoristas da cidade conduzem o trânsito na capital, o psicólogo explicou que “ em todo país temos um problema relativo sobre a formação de motoristas, isso não se deve somente ao conhecimento técnico da condução do veículo, mas precisamos falar muito sobre a “educação para o trânsito”, isso é uma realidade bastante pesada no Brasil, justamente por conta da não preparação no convívio do espaço público, dos valores, e a noção da cidadania, podemos dizer que no país ela é bastante enfraquecida.”

Algo que é preocupante é bastante comum é a falta de habilitação por diversos motoristas que transitam nas vias da cidade, baseado em dados adquiridos pela Agetran pode se comprovar que na maioria dos sinistros, acidentes fatais um dos fatores que aparece é o envolvimento de pessoas que não possuem CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Nos últimos meses, é nos últimos dias, aparentemente tem sido mais comuns e noticiados casos de violência no trânsito, o que diz a psicologia sobre esses casos de violência no trânsito? “Olhamos muito para o trânsito como um termômetro social, o trânsito e mais um local entre outros em quem a violência da sociedade acaba sendo expressa, a gente vê isso também nas mídias sociais, com bastante facilidade, como as pessoas opinam sobre coisas que não sabem, fazem isso  muitas das vezes de maneira agressiva, e no trânsito a pessoa se sente protegida pelo veículo, sente que pode se expressar por meio de buzinas, xingamentos, esperando que o outro vá relevara, ai que vem nosso qualificador problemático da violência, muitas vezes a pessoa vai pegar um porrete, uma arma, instrumento de fogo, vai para cima da outra pessoa, então nesses caso, e por isso que o comportamento defensivo é tão importante, ou seja, manter a velocidade adequada, distância de seguimento, sinalizar as intenções, usar a seta corretamente, para evitar qualquer tipo de conflito, e havendo conflito, não partir para o enfrentamento”. Isto tem acontecido mais que em outros tempos, pois depois da pandemia as questões de saúde mental, se tornaram mais evidentes, em todos ambientes.

O aumento de motoristas de entrega nos últimos anos provocados tanto pela pandemia quanto pelo crise econômica, já era uma questão importante desde que o programa “Vida no Trânsito” foi implantado, sendo Campo Grande uma das primeiras cinco capitais a implantar o programa, que é monitorado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-americana da Saúde, na nossa série histórica o melhor ano que tivemos na cidade, os óbitos de motociclistas representaram 50% que foi em 2017, nós sempre temos os óbitos de motociclistas em 50%,  pela questão da vulnerabilidade, não significa que dizer que todo mundo que está de motocicleta não respeita as leis de trânsito, a questão é mesmo da vulnerabilidade de se transportar em motocicletas e o que fermenta os índices maiores no caso de sinistros fatais.

Os cuidados no trânsito servem para todos, para o motorista, o motociclista, o ciclista e para o pedestre. Todos devem se comportar de maneira evitar conflitos com outras pessoas que estiverem no mesmo ambiente do que nós. 

As pessoas discutem muito sobre o uso de celulares no trânsito, e sim é bastante visível a forma com que o celular interfere no trânsito e na forma de dirigir, como mudar esse comportamento? Silenciar notificações, colocar o aparelho na porta luva, mochila, bolsa, desligar o telefone enquanto estiver no trânsito, esse não é só um problema para quem está conduzindo veículos, existem pesquisas que comprovam o risco do uso de celular feito também pelos pedestres. 

Quando se diz que o trânsito é um termômetro social é porque problemas que existem em outros espaços se reproduzem no trânsito também, e a psicologia vem justamente para tentar ajudar nisso que chamamos de psicoeducação, ou seja sobre um comportamento problemático em um determinado ambiente. A educação no trânsito não se aplica somente nas escolas, mas também com outros ambientes, com quem já está todos os dias no trânsito, lugares com concentração de motoristas, motociclistas e pedestres, para que eles possam modificar seu comportamento, pensando no que faz em como faz, para que possamos promover um trânsito melhor para todos.

Por Gabrielle Borges Fotos: Neia Nantes

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